ENTRE GIGANTES: ALSTOM PODERÁ SE FUNDIR A BOMBARDIER:
A Bombardier é um grupo canadense, sediada em Montreal, Quebec, que luta há anos por dificuldades financeiras, estuda várias opções venda ou fusão de setores para reduzir sua dívida. A empresa foi fundada em 1942, em Valcourt, Quebec, com o nome de L’Auto-Neige Bombardier Limitée, por Joseph-Armand Bombardier (fundador).
Em 1970, a companhia adquiriu a empresa Vienese Lohner-Rotax, uma fábrica de máquina para “snowmobile” e trilhos, foi dessa forma que ela se envolveu nos transportes ferroviários. Este departamento começou a ganhar importância no meio dos anos de 1990, na renascença do transporte ferroviário ou “light-rail transit (uma espécie de trem urbano e suburbano de passageiros).
A consolidação global do setor de construção ferroviária, impulsionada pelo surgimento da gigante China Railway Rolling Stock Corporation (CRRC), e diga-se de passagem, seus 28 bilhões de euros em faturamento, proporcionou um novo passo neste mercado: a Alstom, empresa francesa, teria especulado nos últimos meses do ano passado, discussões para uma fusão com a Canadian Bombardier (setor ferroviário). Isso tudo de acordo com a agência Bloomberg. O grupo francês (Alstom) informa que “não comenta rumores”, apenas fatos.
A verdade é que esse cenário ocorre depois que a Bombardier anunciou uma grave queda nos resultados de 2019, que ainda será publicada em 13 de fevereiro/2020, contando também com o prejuízo no valor de sua parceria com a Airbus.
Em 2018, o grupo de Quebec vendeu grande parte de seu programa de aeronaves de médio curso CSeries, renomeado A220, para um fabricante europeu de aeronaves. A empresa disse que estava explorando opções para reduzir sua dívida pesada. Esse alerta sobre os resultados levou ao colapso de sua ação no mercado de ações (-39%). Em contrapartida, a hipótese de uma fusão elevou as ações da Bombardier em 4%, avaliando a companhia ferroviária em 2,4 bilhões de dólares (2,1 bilhões de euros).
Uma fusão que será examinada em Bruxelas:
Não há indicação de que a transação seja concluída em curto espaço de tempo, disseram fontes da Bloomberg. Em 2017, a Bombardier discutiu com a Siemens, antes que o grupo alemão (Siemens) se voltasse para a Alstom. A fusão será examinada pelas autoridades “antitruste”, em Bruxelas.
Um ano atrás, o casamento franco-alemão havia sido rejeitado por Margrethe Vestager, Comissária Europeia da Concorrência. Ela viu o surgimento de um gigante com peso esmagador no Velho Continente e, portanto, um risco para clientes e consumidores. Para desgosto do governo francês, que denunciou um “erro político” em face do surgimento do gigante chinês CRRC.
Bombardier em Hortolândia/SP. Foto: Divulgação
Site da Bombardier: https://www.bombardier.com/
A melhor opção para a companhia Bombardier será a fusão com a Alstom, caso contrário não haveria mais suporte que evitasse uma piora ainda mais para a companhia. A crise financeira se agravou de forma mais aguda a partir de 2014, quando a Bombardier passou por dificuldades operacionais, que geraram cortes de investimento e de pessoal, em alguns setores e incertezas quanto ao futuro da empresa. Foram demitidos 1 800 funcionários, incluindo vários executivos-chave.
Lucas Evaristo (Opinião): Já fiz essa previsão anteriormente, e modéstia à parte, tenho acertado em grande parte das análises. A CRRC, se já não domina o mercado de ferrovia no mundo está bem próximo de ganhar monopólio em regiões bem relevantes.
O faturamento anual da CRRC é de 28 bilhões de euros, sendo que o preço estimado da Bombardier é de 2,1 bilhões de euros, ou seja, o faturamento da CRRC é 13 vezes superior ao preço estimado pela Bombardier.
Escrito por Lucas Evaristo em 22/01/2020.
Fonte Primária: Le Mond.