Há exatos 127 anos, em 1896, justamente no dia 15 de novembro, Araguari já dava passos largos rumo a novos horizontes em busca de sua consolidação, como uma cidade de vocação ferroviária. O ainda desconhecido e pacato Município, com apenas 8 anos de emancipação política, ocorrido em 28 de agosto de 1888, se projetava para um futuro não distante daquele ano, no contexto de influência nos destinos do transporte ferroviário regional e nacional, com ligação direta com os principais centros do país. Mas, afinal, como era a pequena Araguari naquele final do Século XIX, faltando pouco menos de quatro anos para iniciar sua trajetória rumo ao Século XX?
No oitavo ano de emancipação política de Araguari e no ano sétimo das comemorações alusivas à Proclamação da República, dia 15 de novembro de 1896, na gestão do prefeito Aurélio Antônio de Oliveira, ocorreu um dos maiores acontecimentos históricos do Município: a inauguração da Estação da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro na cidade de Araguari, no Km 783,428 numa altitude de 989 metros. A estação de Araguari, a nonagésima sétima estação da estrada, era a ponta da linha da Mogiana que tinha como marco inicial a cidade de Campinas-SP.
Com o profissionalismo de sempre e o comprometimento do jornalista Tertuliano Goulart no jornal Araguary, mais uma vez, naquele periódico a divulgação ampla da programação e dos acontecimentos daquela data histórica narrada no ensaio “A epopeia da Cia Mogiana” pelo poeta Abdala Mameri em que ressalta o momento ímpar na vida do município que comemorou aquele dia com músicas, palmas e discursos.
Naquele dia, a cidade foi acordada com foguetes e banda de música sob a batuta do maestro Franklin Almeida. As ruas estavam enfeitadas por bandeiras do Brasil e o largo da igreja Matriz onde fora montado um coreto para a realização dos discursos das autoridades e o canto dos versos do poeta e jornalista Cherubino Forbino dos Santos.
Outro coreto também foi instalado na praça da estação para a recepção musical do trem de ferro e de seus ocupantes ilustres como o Secretário da Agricultura de São Paulo, Dr. Vieira Bueno; o representante do então jornal A Província de São Paulo, hoje o Estadão, Dr. Nestor Rangel Pestana, bem como o presidente da Companhia Mogiana, Dr. Francisco de Sales Oliveira Júnior.
Nesta data, 15 de novembro de 2023, com alegria e inúmeras lembranças, celebramos os 127 anos da chegada da ferrovia no Município com a inauguração da Estação da Mogiana que fora instalada na antiga Rua da Estação, hoje, Marciano Santos, com o antigo trecho da linha, onde hoje é a Avenida Batalhão Mauá.
O histórico e antigo prédio da Estação da Mogiana foi demolido, em 1979, no Governo de Fausto Fernandes de Melo que não atendeu, posteriormente à desativação da ferrovia, a que se destinaria tão histórica edificação – uma Escola –. A omissão de todos os envolvidos comoveu a comunidade à época e, até mesmo a imprensa que tinha grande influência nas decisões políticas nada registrou, encobrindo essa terrível ação contra o Patrimônio Histórico Cultural.
Passados 127 anos dos bons tempos da saudosa e antiga Mogiana que foi a responsável pela chegada do progresso e desenvolvimento no Município, ainda no século XIX; Companhia que ligou o Triângulo Mineiro aos grandes centros do País: São Paulo, Rio de Janeiro e depois com Goiás, Brasília, transportando cargas e passageiros pelo Brasil afora, dessa ferrovia, só restam poucos vestígios e memórias.
No perímetro urbano de Araguari, da antiga Mogiana somente vestígios de paredes originais, identificação “da turma” e inscrições em alto relevo em duas residências, próximas ao antigo “Buracão do DER”, na sequência da Secretaria de Meio Ambiente. E às margens da BR-050, no Km 768 da Companhia Mogiana, a 15 km de Araguari, a Estação Ferroviária Stevenson que foi inaugurada em 10 de fevereiro de 1927; hoje, completamente abandonada, sem nenhuma ocupação, mesmo tendo sido tombada como Patrimônio Histórico do Município pelo Decreto n° 039, de 3 de outubro de 2002. A estação Stevenson é o último marco histórico da Companhia Mogiana de Estradas de Ferro em Araguari.
Mais informações no livro Estrada de Ferro de Goyaz – As Fitas de Aço da Integração, 672 páginas.
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